Lunação de Capricórnio, Ciclo de Concretização
Por Fabrizio Ranzolin
Neste décimo sétimo dia de janeiro, à 00h17’09”, horário de brasileiro de verão, ocorre a Lua Nova de Capricórnio, a 26 graus 54 minutos tropical, iniciando o novo ciclo lunar, regido pelo signo cardinal de terra. Além da Lua nova, Plutão e Saturno, Mercúrio e Vênus também em Capricórnio, reforçam o tom autoritário e rigoroso do momento.
A pungente força cardinal Capricorniana, presente nesta lunação, terá seu ápice na incrível lua cheia de Leão, do dia 31 próximo, através de um eclipse lunar total em perigeu, ou seja, uma lua que, em sua órbita elíptica, estará mais próxima da Terra, conhecida popularmente por “super lua”.
A partir da influência desta lunação se iniciam movimentos importantes, que expressam as necessidades advindas do âmago, do ponto elementar que dirige a matéria, das forças fundamentais que movem as motivações, que impulsionam as ações para que haja manifestação material na realidade. O exigente Capricórnio trabalha diligentemente por metas bem definidas.
Com certeza é a lunação que retém a maior capacidade de concretização da intensão na matéria, podendo ser excepcionalmente produtiva, mas também, extremamente exigente e autoritária. Dependendo do nível evolutivo, o desenvolvimento da prosperidade para a construção de um mundo melhor, pode simplesmente tornar-se ganância insaciável irrefletida, motivada pela simples reputação de poder, comando e acumulação da riqueza que empobrece o mundo, com o fim de manter os abismos de diferença e separação entre os seres humanos. Como os anéis frios de gelo e poeira cósmica que representam fronteiras e limites, do regente Saturno.
Absolutamente tudo que possa ser concebido no mundo material (terra) se inicia a partir de um movimento inicial (cardinal), que provém da fonte, da alma (lua), para servir ao propósito maior da lei universal inalterável, o eterno processo de evolução e crescimento, seja de seres, de planetas ou de estrelas como o nosso Sol.
No mapa astrológico calculado para o momento da lunação há o contundente stellium em Capricórnio, Saturno o construtor de mundos regente do sistema cardinal de terra, dá continuidade a Mercúrio, Plutão e Vênus. O movimento mercuriano que move todas as interações, e que tudo toca (Vênus), está condicionado ao que é concreto e palpável (terra), de forma que a sensação da realidade do espaço tempo é ao mesmo tempo real e prática, mas também simplista e com pouco espaço para expressões criativas. É tanto ímpeto de realização concreta que tudo o que se pode realizar está limitado ao que se pode ver ouvir e tocar. É aqui que entra o visionário criativo Urano poente, quadrando os luminares em orbe estreita, impulsiona que ações (Áries) concretas (Capricórnio) motivadas em resposta ao outro (poente) poderão concretizar as realizações almejadas. Mas impõe esforço um deliberado, de encarar o desafio de usar algo inusitado e criativo, para que a realização seja plena e satisfatória. A libertação do que é conhecido (Jeff Green) não é algo bem quisto por Capricórnio, e há somente Netuno em mutável por toda a carta.
O oposto Câncer meio céu, ainda nodo norte Leão na área de Aquário, confirmam que a autenticidade mais verdadeira dos signos de terra permanece intacta: o serviço à humanidade. O real sentido dos signos de terra é absorver a água, a alma humana, a fim de tornarem-se nutritivos e férteis, para adquirirem a qualidade de serem moldados, cozidos em tijolos, cerâmicas e porcelanas, constituindo passeios, construções e lares, e também acondicionando, protegendo e servindo água e alimento (Câncer).
Júpiter o benevolente, que protege a Terra dos meteoros e que abre as portas para as expansões de Saturno, neste ciclo de Escorpião, realiza sextil a Plutão, os fins serão positivos se a força de construção estiver submetida ao ato de render-se de livre arbítrio, manter a flexibilidade, sabendo ceder e perder, ajoelhando-se com honra. Às vezes é necessário abrir mão de algo que é importante, mesmo que pareça que se está perdendo o que foi conquistado com esforço. Se não se jogar fora o que o deixa pesado, pode-se afundar. É melhor seguir em frente com vida, o novo tesouro pode ser muito maior do que o que ficou para trás. Muito peso torna a subida penosa demais, e, antes de tudo, para o antílope místico, é através de um passo de cada vez, com precisão, cuidado e constância que se alcançam os cumes mais elevados.
Capricórnio, o antílope das águas profundas, o ser mítico metade cabra metade peixe, deus guardião da sabedoria do conhecimento fundamental da arte de construir e prosperar no reino da matéria simboliza que tudo o que não é importante poderá ser descartado sem maiores dramas. Mais do que prático e cético, o princípio realista afiado de Capricórnio é o de que o que jaz por baixo das águas profundas do mar são montanhas muito mais altas do que as que podem ser vistas em terra. E, após compartilhar sua sabedoria e coordenar as atividades de trabalho dos homens durante o dia, o antílope das águas retornava para as profundezas na parte da noite.
A ambição de cumprir o seu dever com disciplina e responsabilidade, respeitando as regras e tradições é o norte evolutivo de Capricórnio. A ganância desmedida que não constrói para o mundo, mas que mantém a crença na avareza e na distância entre os homens é sua involução destrutiva.
Nesta fase, não desperdiçar energia com possibilidades sem realidade e ser prático, será importante. O esforço sincero ao velho ditado “mão na massa” é um deus mais forte e real que qualquer vã filosofia otimista. A entrega total para o ato de fazer e executar, mais do que propriamente planejar, será o elemento que trará as oportunidades verdadeiras de crescimento.
Você sente-se perdido e não sabe o que fazer? Então, simplesmente, arregace as mangas e comece da melhor forma que puder que o trabalho do processo em si mesmo trará a solução e o seu merecido resultado. O famoso 99% de transpiração nunca foi tão válido neste momento.
Assim, os movimentos e ações que se principiarem agora terão sua manifestação plena através da super lua cheia de Leão de 31 de janeiro, que eclipsada, escondida da luz do Sol pela sombra da terra, trará o potencial da lunação para a plenitude.
O eclipse que ocorrerá na próxima lua cheia será um eclipse lunar total, popularmente denominado de lua de sangue (a lua fica avermelhada durante o eclipse). Apesar do eclipse não ser visível no Brasil – sua sombra será projetada sobre a Ásia, Indonésia, Nova Zelândia, Austrália, Oeste do Canada e Alasca – seus efeitos intensos serão sentidos por todos, e sua duração mais extensa do que uma lua cheia normal. A Lua Cheia se dará a 11 graus 37 minutos no eixo Sol Aquário/Lua Leão, astrologicamente conjunto ao eixo nodal, em 14 graus 56 minutos, a Lua Wobble (todo eclipse toca o eixo nodal).
O eixo nodal é a passagem da Lua, cruzando a linha da eclíptica, enquanto esta orbita a Terra; ou seja, é o encontro, a fronteira do ciclo masculino yang, consciente de atividade diurna, que impõe o Sol, com o ciclo feminino yin, noturno, de recolhimento, da presença ativa do inconsciente que se manifesta quando finda a realidade solar. Representa o interno que se sobressai ao externo, quando o passado, o presente e o futuro, assim como o adormecer e o despertar se confundem. São as forças que são poderosas e que não controlamos, e que muitas vezes negamos, mas que nos influenciam profundamente.
Em uma lua cheia duas forças opostas exercem poderosas influências nos campos da realidade, seja física orgânica ou psíquica emocional espiritual, ocorrendo uma tensão entre o consciente e o inconsciente, entre luz racional e profundidade instintiva, com possíveis liberações da potência latente no eclipse. Com as emoções mais intensas pairando no ar aumentam as ocorrências passionais e os eventos violentos, e a influência do eixo nodal, ou Lua Wobble, acarreta maior grau de manifestações de acidentes, desastres, terremotos, precipitações extremas do meio ambiente e do clima, com a super lua aumentando as marés. Também podem se acirrar as ações de autoritarismos extremos – Leão/Aquário, bem como as disputas entre poderes, invasões de territórios e de fronteiras – Saturno, com consequentes retaliações – Áries ASC./Plutão M.C.
Se na Lua Nova temos o princípio da manifestação, na lua cheia ocorre a concretização ou manifestação, para o movimento de contração na lua minguante. Para averiguar em seu mapa natal a área de sua vida movida nesta lunação identifique a casa astrológica que contém o signo de Capricórnio. Também identifique aonde o eclipse da Lua cheia de Leão se dará em seu mapa. Serão áreas em que ocorrerão eventos importantes no próximo período lunar.
Assim, nesse tom cardinal de Capricórnio e manifestação de Leão/Aquário, a necessidade de realizar poderá ser acompanhada de um sentimento de insatisfação, desencadeando ações importantes que visem buscar a essência primordial do que falta. Com muito cardeal de terra sempre há que se ter o cuidado de saber lutar com sabedoria, de forma a que não se esvaiam as energias, forçando ações, que podem ir contra o fluir natural da vida. Essa lunação traz um potencial muito especial para concretizarmos realizações positivas e importantes em nossas vidas se tivermos sabedoria de aprendermos a crescer e prosperar através da dedicação de oferecer o melhor dos nossos dons a serviço do mundo, há que se ter nobreza verdadeirade Leão. Bem como novas crenças e formas de pensamento mais harmoniosos Sol, Vênus, Aquário, claro que são desafios – oposições, mas são possibilidades verdadeiras de liberdade positiva se estivermos abertos a confiarmos na diferença que cada um de nós faz na realidade (Lua Leão).
Os movimentos coletivos de massa são apenas reflexos ampliados do individual, Aquário. Assim, se há guerra, e ganância que gera fome no mundo – Plutão, é que no interior de cada ser humano, ainda impera o medo e a sede de poder sobre o outro. A massa crítica acredita na acumulação como fonte de poder, e a realidade simplesmente reflete a crença dominante limitante – Saturno rege Aquário. Esperamos que não seja necessário muito sofrimento para que nos tornemos mais humanos e para que possamos mudar o nosso interior, que se reflete no exterior coletivo da realidade; Urano co-regente de Aquário, não visível a olho nu no céu, as revoluções se iniciam inconscientemente, direcionadas por impulsos individuais que despertam as necessidades de mudança no coletivo.
Tanto a luz quanto a sombra são ampliadas nesses alinhamentos intensos. Se o signo cardeal de terra Capricórnio, pode ser, em sua involução, o signo mais materialista e mesquinho do zodíaco, em seu extremo oposto também pode ser o mais elevado e humano espiritual. Tudo está contido em um breve instante de decisão e intensão, de medo e controle, ou de confiança e sabedoria evolutiva, a vibração será ampliada através dos aspectos evidenciando a realidade latente. Mudando o micro mundo, o ser interior, mudamos o macro gradativamente.
As maiores transformações do mundo concreto, das crenças, das leis e dos direitos humanos, foram iniciadas por alguns homens em nossa história que inspiraram o mundo inteiro.
Vejamos os natalícios dos Capricornianos, Martin Luther King e Muhammed Ali, que eram amigos, ambos nascidos após a lua nova de Capricórnio.
Martin Luther King – 15 de janeiro de 1929, Atlanta, Geórgia – pastor protestante, questionador e cético foi um dos mais importantes líderes dos direitos dos negros em todo o mundo, sendo o mais jovem a receber o Nobel da Paz em 1964 pelo combate à desigualdade racial e não violência, expressando sua Vênus e Lua em Peixes. Inspirado no líder espiritual indiano Mahatma Gandhi, King pregou a não violência e o amor ao próximo, lutando contra a segregação nos EUA, sempre sobre grande ameaça e pressões de autoridades poderosas, tendo sua casa atacada e sendo preso.
Ativista humanitário organizou e liderou marchas de protestos não violentos a fim de conquistar direitos civis fundamentais, o fim da discriminação no trabalho, o direito ao voto e aos direito a igualdade. A maior parte desses direitos foram agregados na aprovação da lei dos direitos civis e eleitorais após as ações de King onde a discriminação racial violenta veio brutalmente à tona, televisionada para todo o mundo, nos atos truculentos das autoridades policiais contra os participantes das marchas.
Após grandes feitos políticos e sociais, Martin Luther King expandiu seu foco para incluir a fome e a miséria das minorias pobres do país, e também a guerra do Vietnã, com o apoio de Muhammed Ali.
King foi assassinado em abril de 68 por um segregacionista, logo antes de realizar mais uma das marchas de protesto. Em 1986, foi estabelecido o dia de Martin Luther King, feriado nacional nos EUA, comemorado na terceira segunda feira de janeiro, exatamente hoje, 15 de janeiro de 2018, dia em que escrevo este texto.
Mohammed Ali-Haj, nascido Cassius Marcellus Clay Jr., nascido a 17 de janeiro de 1942, em Louisville, foi pujilista peso pesado dos maiores da história do esporte, eleito o desportista do século em 1999. Filho de empregada doméstica, Ali nasceu brevemente após a lua nova de Capricórnio no ingresso desta em Aquário. Conquistou o título de campeão mundial de pesos pesados em 1964, mas entrou realmente para história quando perdeu o título em 67 ao recusar-se de ir lutar na guerra do Vietnã, sendo por isso proibido de atuar no boxe por três anos.
Foi o primeiro boxeador a receber o maior cachê da história do boxe da sua época, uma luta que aceitou por dinheiro – Capricórnio, e em que foi derrotado, já que estava debilitado por haver se medicado para emagrecer a tempo para luta.
Na busca pela espiritualidade, Ali converteu-se ao islamismo e lutou contra o racismo. Fiel ao seu amigo Martin Luther King, ao recusar-se a lutar na guerra do Vietnã, disse: “enquanto os negros de Louisville são tratados como cachorros, sendo-lhes negados seus direitos humanos…”; “não vou ajudar a assassinar outra nação pobre para que siga a dominação dos senhores brancos sobre os povos de cor escura mundo afora…”; “fui avisado de que esta atitude me custaria milhões de dólares…“; “não vou desgraçar minha religião, meu povo e a mim mesmo tornando-me um instrumento para escravizar os que lutam por justiça, liberdade e igualdade…”; “vou para a prisão, e daí? Nós estivemos na prisão por 400 anos”.
Juntamente com o amigo Martin Luther King, Ali apoiou a luta por moradia aos mais pobres nos EUA. De pensamento inovador – Lua em Aquário – foi o primeiro esportista a aliar esporte e política, atuando pontualmente como ativista, como na África e em prol do Haiti. Diagnosticado com Parkinson, Mohammed Ali faleceu em 2016 de causas naturais.