Reflexões sobre o ingresso de Plutão em Capricórnio
Será que é tempo o que nos falta para perceber?
Será que temos esse tempo todo para perder?
(“Paciência” – Lenine)
Plutão ingressa em Capricórnio no tempo de recepção mútua Urano/Netuno, que chamei de momento do caos ou, se preferir, o caos do momento. Urano e Netuno iniciaram um novo ciclo quando se encontraram em Capricórnio, em 1989, instalando um processo de reestruturação planetária com duração de mais de um século. Aconteceu então o que parecia impossível: a queda do muro de Berlim e das ditaduras.
Considera-se recepção mútua como dignidade planetária, quase como exaltação e domicílio, algo como um casamento com comunhão de bens, em que a evolução ou degeneração é para ambos. Mútuo, do latim Muto, mudar, um muda o outro e vice-versa. O modo da mutualidade implica no intercâmbio, na reciprocidade. O amor é ação mútua, a ignorância também.
Desde 2003, quando iniciou essa recepção mútua, ficou claro que a humanidade no homem está em extinção. O Homo Sapiens é uma espécie ameaçada pelo Homo Technicus, que destrói a Terra e invade o céu com seus brinquedos perigosos. O homem cresce e brinca de super-herói, a mulher cresce e brinca de Barbie. Na verdade, os adultos estão em extinção: temos somente seres infantilizados, incapazes de assumir suas responsabilidades. Ninguém sabe, ninguém viu.
Enquanto isso, vamos rolando lero, nos atirando ao mar da inconsciência ao ouvir o canto das sereias, convivendo com o escuso e o dissimulado como se não houvesse outro jeito.
“Na vida privada, como na vida corporativa, os adultos estão desaparecendo. No mundo da onipresente auto-ajuda, homens e mulheres foram condenados à infância perpétua.” (Thomas Wood Jr.)
Os homens foram colocados no jardim do céu para cultivar e guardar. Como jardineiros, trabalhamos para criar beleza, aroma, harmonia. Mas escolhemos ser pedreiros, construindo torres de pedra que encerram a humanidade. Esta é a questão crucial no ingresso de Plutão em Capricórnio, pois nesse embate alguém precisa morrer na cruz, é preciso fazer uma escolha. Nada de criativo, luminoso, será possível se a escolha for o pedreiro, aquele que constrói torres de racionalizações onde permanece prisioneiro, escravo de suas definições.
A contemplação é a união do pensador com a realidade, não leva a conclusões e definições, mas à impressão da realidade. As questões não são perguntas e sim crises e as respostas são estados de consciência decorrentes dessas crises. Toda definição paralisa a dinâmica da realidade e da vida.
A função da Astrologia é mobilizar consciência para assumir as crises da existência humana. Os símbolos não existem para serem definidos, são sim como “fermentos” do pensamento, seus guias e mestres, cuja presença inquietante perturba e convida a consciência a lançar-se em novas profundezas.
Além do mal da ignorância, também o conhecimento ilícito, fabricado, é um grande mal humano, o conhecimento contruído em papel em lugar do conhecimento desabrochado em flor e fruto no ser. Não precisamos de torres de ideologias, sistemas e teorias, mas nosso conhecimento precisa crescer como uma árvore, com raízes profundas e alta copa.
Os adultos superam os modelos idealizados de autoridade e de poder e conquistam autonomia. Quando Saturno ingressar em Libra e estabelecer quadratura com Plutão, veremos que não há outra saída. Precisaremos, então, parar de nos distrair de nossas vidas fragmentadas e egoístas com a droga da informação sem compreensão, com a falta de métron, com o embotamento da inteligência.
A prova da sociedade moderna é dada por Mefistófeles, o que testa através do poder e assim ridiculariza as pretensões e o esnobismo dos homens assim como foi em Fausto, em Dorian Gray…
Plutão é o grande provador da capacidade humana de se elevar. Capricórnio é o signo mais elevado do Zodíaco. Enfrentaremos grandes provas que poderão revelar capacidades renovadas para a vida com os outros, gerar do útero da alma o conhecimento das leis eternas e universais que formam o Amor Cósmico, capaz de inclusividade e compassividade.
Que venha Plutão em Capricórnio, esperemos Saturno em Libra, Urano ingressar Áries, e um meio quadrado se formar, para potencializar novos pricípios, novos paradigmas para a sociedade humana.
As escolhas que estamos fazendo como humanidade gerarão os princípios e paradigmas para a comunidade do terceiro milênio, revelados de maneira surpreendente a partir de 2010. Escolhi uma data em particular para demonstrar o que o céu que nos espera. A data é 30/07/2010 às 21:45h em Brasília.
Que o céu nos proteja de nossa ignorância, santificada nos altares de nossas racionalidades!