Ser Astrólogo Novos Tempos, Novos Desafios
por Isabel Mueller
Temos em nossas mãos um divino instrumento, ancestral sabedoria que nos conecta com a ordem do Universo.
Uma história tão antiga, e ao mesmo tempo nova, em seus atuais propósitos.
O antigo/Saturno é o respeito pelos conhecimentos da tradição astrológica, que nos torna possível utilizá-la visando a conscientização, o despertar para o autoconhecimento, pois somos apenas facilitadores desse processo aos que nos procuram.
Muitos buscam-nos hoje não como espectadores passivos de sua história, mas com a consciência da própria responsabilidade na construção do seu destino.
A Astrologia evoluiu. Os astrólogos evoluíram.
Porém, há aqueles que tentam encontrar na Astrologia respostas a tolas perguntas. E há quem as diz ter…
Mas, cada vez mais, percebe-se que o propósito dos que a praticam, e dos que a buscam é a consciência. Com ciência e com arte, a Astrologia no século 21.
Este novo tempo, nova Astrologia. Nós a reconhecemos, a praticamos, estamos juntos reescrevendo essa história das estrelas.
Uma Astrologia que nos desperte do oceano da inconsciência. Urano quer singrar esse mares. Urano em Peixes, a Astrologia e seus vínculos com as artes da emoção, auxiliando a despertar o curador que há em cada um.
Não dar o peixe, nem tampouco ensinar a pescar.
Simplesmente estar ali, o coração receptivo, ao outro que quer saber de si.
Interessa-nos revelar profundezas e mergulhos, os mares de cada um, auxiliar nas travessias.
OS DESAFIOS DA VIAGEM PLANETÁRIA
SOL – ILUMINAR
Símbolos são jeitos perfeitos
na geometria que há
que apenas a olhos atentos
são dados revelar
O Sol é o centro do mapa astrológico, e o nosso papel pode ser o de iluminar, integrar, aproximar da essência a trajetória do vir-a-ser.
Para que na sociedade haja seres mais conscientes. Cada qual com sua luz própria.
Afinar-se com a estada na Terra, seus desafios e belezas.
Trazer à luz. Facilitar o reconhecimento do que há de luminoso.
A função solar de um astrólogo pode ser a de proporcionar a visão de um centro, simbolizada na mandala do Mapa.
A majestade de cada um, que deseja se manifestar.
Luminar: espalhar luz.
LUA – EMOCIONAR
Lembra do sonho
do gesto gestação
do carinho do não
da vereda desconhecida.
Lembra do agora
e esquece a hora
que não foi contada
ou vivida
Desde os primórdios, os humanos observavam os mistérios do céu, e nessa contemplação reverenciavam seus deuses, estabelecendo a conexão com as forças da natureza.
Dessa contemplação, tal como os contadores de história, nós astrólogos temos uma história para contar. Uma história que pertence a cada ser que nos procura.
A moral dessa história é particular; não somos donos da história, apenas a contamos.
Nossa função lunar é acolher. Nossa Astrologia não deve ser descrição de características, mas emocionar.
Formamos uma grande família, e o laço que nos une é o amor pelo céu. Família, emoções, fundo-do-céu, raízes e bases, no arquétipo da grande mãe, nos olhares curiosos da infância.
Nosso desafio: voltar para a casa interior, o lugar mais dentro de cada um, onde se sinta à vontade, porque si mesmo.
Transmitir a qualidade nutridora de cada ser, o que representa alimento para cada um, e como doar esse alimento a um mundo tão faminto.
MERCÚRIO – COMUNICAR
Mercúrio-mensageiro
tudo a dizer
sua lança verbo
de asas e sentidos
Mensageiro dos mundos, da relação entre gentes, movimentos e pensamentos.
Nossa tarefa mercuriana é compreender que há muitos modos de dizer a Astrologia.
E um de nossos grandes desafios é saber comunicá-la, mensagem que realmente chegue a quem busca esse conhecimento.
Comunicar na linguagem do outro. Tantos são os modos e os meios de comunicação…
É preciso saber distinguir (lição virginiana de Mercúrio) o que é de fato útil e importante a quem quer conhecer o céu de si.
Muitas são as linguagens. Nossa voz deve ser diálogo e não monólogo.
Observação e contemplação são nossos instrumentos, se queremos levar a mensagem aos quatro ventos.
VÊNUS – AMAR
Somos tão iguais nas buscas
mas ninguém se atreve à simplicidade
busca-se sofisticação
e vira treva a solidão.
Um abraço pode bem mais
um sorriso cura
a alma em desaviso.
A Astrologia é nossa escolha, valor que a ela damos, amor que por ela manifestamos.
Nosso gosto pelo alto e pelas gentes revela o céu de dentro, espelho do céu acima.
Nos miramos Afrodite nessa beleza. Honramos a musa ao fazer nosso trabalho com arte.
E daí vem o nosso provento, de trabalhadores das estrelas. Relação trabalhista e sustento inusitados…
Nossa tarefa venusiana, nesses novos tempos de Astrologia, é facilitar encontros, do ser consigo, do indivíduo com outros indivíduos, e com o Cosmos.
MARTE – MOBILIZAR
Vai mais longe que a alma grita
vai mais fundo que o mergulho insista
vai onde nunca tentaste
é lá o teu lugar
Na jornada do herói, cada ser com suas motivações e desejos.
Nossa estada em Marte é mobilizar à ação, pois não basta conhecer de si, se não resultar em atitude.
É desafiante motivar, quando a inércia e a estagnação são a realidade social.
É preciso lutar, armas nobres, pelo que acreditamos e sabemos.
Somos pioneiros, cada qual na conquista do seu espaço.
A Astrologia é nossa amante, sedenta de paixão e de ação.
SATURNO – RESPONSABILIZAR
Sê tua autoridade
autoriza a tua idade
autoriza-te a sem tempo
seres um rio que corre
sabedor do seu destino
Estruturar, consolidar, construir nas teias do tempo.
Se a cabeça está nas estrelas, nossos pés e obras devem estar no chão.
Nosso dever (lei de Saturno) é mostrar que Astrologia não é fatalidade.
Destino também é construção de livre-arbítrio, e quanto mais conscientes, mais estimulamos essa responsabilidade em cada ser que nos procura.
Cronos revela as nuances do tempo, dos ciclos, das idades, suas conquistas e desafios.
O tempo que nos ensina novos níveis de conhecimento e de prática, amadurecimento.
Respeitemos essa anciã Astrologia. Uma senhora de sábias rugas, que não ficou parada no tempo…
JÚPITER – EXPANDIR
No centauro dos dias
o cavalo alado recriou fantasias
e percebeu-se que a solidez matéria
é criação da mente.
Se soubéssemos da maestria
arbítrio generoso…
Mas os deuses
de amnésia proveram o homem
para que norte e vida descobrissem
Disseminar conhecimentos, amplidão de horizontes.
Seminários, cursos, publicar, divulgar, para que chegue longe essa imensidão.
Questionar sobre o sentido de nosso trabalho.
A meta/seta, os alvos a que destinamos nosso ofício.
Cuidar com as crenças verdades, não sejamos dogmáticos.
Há sempre um distante, um novo horizonte, esperando pelo nosso vôo.
URANO – DESPERTAR
Urano, o céu
e Gaia, a terra
celebram-se
elétrica tempestade
que sacode pensamentos
no caminho do novo
raios de luz
seduzem almas da vanguarda
Ler o céu… A função uraniana é a de sermos os arautos da vanguarda, acesso à mente universal.
Sabedoria que desperte da letargia.
Podemos ser instrumentos desse despertar, canais a revelar a singularidade de cada ser, onde se é mais livre, único.
Devemos estimular a diferença, a Astrologia não pode acomodar, ela não serve a nenhum senhor. Seu reino é dos raios que riscam o céu, e clareiam.
Intuir, sintetizar as inúmeras informações, visão estelar.
O humano e sua ligação com a humanidade.
A modernidade e seus instrumentos, sintonizar e transmitir, ondas que se propagam, redes, conhecimentos que revolucionam. Não queremos explicar, nosso desafio é despertar.
Amigos que procuram respeitar as diferenças individuais, grupos.
Nossa mensagem traz a semente do amanhã.
NETUNO – TORNAR SAGRADO
É sacro o ofício
da vida
do céu
e de nós
mortais acordando
Somos devotados à ordem maior revelada no céu. Ela é nossa fonte de inspiração.
Para transmitir o que sabemos, precisamos amar o que vemos. Compreender o divino na geometria dos ângulos, planetas, signos.
Dissipar os véus de maya, sem perder o contato com a magia, e com as sincronicidades que chegam ao coração.
Deixar revelar-se a dimensão transcendente do afeto que nos une, onde queremos fusão, onde somos multidão.
Empatia para com as pessoas que nos procuram. É preciso muito amor para ser astrólogo!
Muito a contemplar, nosso ver é através do sentir.
PLUTÃO – TRANSMUTAR
Muito mais que cérebro somos carne de emoção somos pele de vulcão
Aceitar os mistérios, o que está muito além de nosso entendimento, mortes/renascimentos, tabus, sombras, consciente e inconsciente, Sol e Plutão, tão distantes e tão próximos.
Acessar o mais fundo, realizar as difíceis travessias, renascer fênix.
Facilitar a revelação do propósito cósmico de cada ser, agente transformador da sociedade, porque renasceu em si mesmo.
Transcender os temores mais escondidos.
Sermos detetives do universo. Transformadores, curadores.
Saber das luzes que se seguem às sombras…
Isabel Müller é astróloga e Conselheira Deliberativa da CNA.