Ciça Bueno lança livro e conta como publicar uma obra no Brasil
No final do ano passado, durante o XV Simpósio de Astrologia do SINARJ, Sindicato de Astrologia do Rio de Janeiro, a astróloga associada da CNA, Ciça Bueno e seu parceiro, Rui Sá Silva Barros, lançaram o livro “A Contente Mãe Gentil rumo ao bicentenário – A História do Brasil vista pela Astrologia”. Disponível tanto na versão e-book quanto impressa (basta encomendar no www.clubedosautores.com.br ), o livro apresenta um estudo do Brasil do ponto de vista astrológico desde o descobrimento até a Proclamação da República.
Em entrevista exclusiva para o portal da CNA, Ciça Bueno, que é membro da entidade desde 2007, fala um pouco de sua carreira como Astróloga e do trabalho com a Astrologia Mundial, nos conta como conheceu Rui Sá, e fala sobre a difícil arte de conseguir publicar um livro no Brasil.
CNA – Como nasceu o projeto do Livro?
Ciça Bueno – Eu tenho paixão por Astrologia Mundial, já que eu sempre gostei de História, uma matéria que eu me dava muito bem desde o ginásio, eu tinha uma excelente professora de história e me lembro dela até hoje. Depois, minha irmã acabou estudando História e casou-se com um Historiador, com o qual eu fiz vários cursos. Naquela época, conheci o Rui Sá, que era aluno do meu cunhado na USP. Depois, há cerca de 10 anos, vim a reencontrá-lo na Astrologia. Como historiador, o Rui direcionou sua carreira para a Astrologia Mundial e, há dois anos, fui fazer um curso sobre esse tema com o ele.
O curso durou seis meses e, no segundo semestre, o Rui convidou alguns alunos para continuarem a fazer o curso e escrever o livro. Ficamos eu, o Niso Vianna, a Silvana Farace e ele mesmo. O Rui é um Astrólogo Mundial com foco em Política e Economia. O Niso nos forneceu as progressões, trânsitos, tabelas, etc. e a Silvana, que também é Pedagoga, fez toda a pesquisa da área de Educação. Ela formatou um primeiro texto sobre o capitulo de Educação, eu reescrevi o texto e o Rui finalizou-o. A gente conta isso no livro, tivemos várias colaborações.
CNA – O que representou este trabalho para você?
Ciça Bueno – Representou uma grande realização, escrever um livro de Astrologia Mundial, que é um assunto que eu sempre gostei. Ao mesmo tempo foi um privilégio ser orientada pelo Rui para escrever este livro, que vai da Independência até a República. O trabalho foi muito prazeroso também por que eu fiz a parte de Artes e Cultura, que tem tudo a ver com a minha formação em Música. E o trabalho com o Rui não vai parar por aqui. Ainda serão feitos mais dois volumes. O segundo deve ir da Proclamação da República até 1945 e o terceiro volume de 1945 em diante, talvez até a era Lula, não sabemos bem ainda.
CNA – Como foi sua formação como Astróloga?
Ciça Bueno – Eu comecei a estudar Astrologia em 1987, depois que eu fui fazer um mapa astral com a Bia Oliveira e ela me disse: “você já pensou em estudar Astrologia? Você tem mapa de Astróloga” (Eu tenho Urano no Ascendente). Eu respondi que não, que nunca tinha pensado nisso e ela continuou me dizendo que tinha uma grande escola de astrologia do lado da minha casa, a Astrocenter, que na época pertencia ao Beto Botton, a Marylou Simonsen e a Vicky D´Orey. Na semana seguinte eu me matriculei e dois meses depois já tinha certeza de que era isso o que eu queria fazer da minha vida. Isso por que a Astrologia tem muito a ver com Música e eu sou formada em Música. Pitágoras já dizia isso, a “música das esferas”…, existem doze signos e na música são doze semitons, as sete notas musicais tem relação com os sete planetas tradicionais, a polifonia (que é a relação dos acordes) tem tudo a ver com os aspectos, há aspectos de tensão, de harmonia, de descanso, enfim, é uma linguagem muito semelhante. Tem muitos Astrólogos Músicos e vice-versa.
Passei mais dois anos realizando estudos sob orientação da astróloga Bia Oliveira, porque na época eu morava no Rio Grande do Sul. Depois que voltei para São Paulo, fui para o Instituto Delphos de Ensino, do Astrólogo Milton Maciel, que foi a primeira iniciativa de um curso superior de Astrologia no Brasil, com graduação em quatro anos. Eu fiz parte da turma de 89 a 92. Foi uma pena que o Milton não tenha conseguido dar continuidade (o Instituto fechou depois de cinco anos), pois era um curso completíssimo. Ele lutou muito pelo reconhecimento do curso, mas não deu certo. Eu tive a felicidade de fazer parte da primeira turma, tive professores excelentes, como o próprio Milton Maciel, Hanna Opitz, a Silvana Farace, o José Antônio Pinotti, o Dr. Sérgio Mortari (Astrologia Médica) , o Adonis Saliba (Astrólogo-Astrônomo), e outros, era uma equipe superbacana, uma escola muito moderna, tendendo à Psicologia e com ênfase em mitologias.
E depois disso, eu não parei de fazer cursos. Frequentei diversos cursos particulares de técnica e interpretação astrológicas com profissionais como Ademar Eugênio de Mello, Amâncio Friaça, Claudia Lisboa, Constantino Riemma, Eduardo Maia, Hanna Opitz, Marcia Mattos, Maria Eugênia de Castro, Noel Tyl, Otavio Azevedo, Rui Sá Silva Barros, Wirley Coury, Valdenir Benedetti. E, por dois anos fiz supervisão de atendimento astrológico com Silvana Farace, quando comecei a dar consultas em 1991.
Já fui professora, mas atualmente não dou mais aula, pois hoje tem escolas tão profissionais, como a Gaia, a Regulus e outras, que prefiro ficar somente atendendo como Astróloga. No entanto, faço um trabalho que eu mesmo tive com a Silvana Farace e que considero fundamental para um estudante recém-formado, a supervisão astrológica. Eu ajudo aos astrólogos recém-formados orientando seus trabalhos iniciais. Além disso, escrevo para a Revista Joyce Pascowitch e na coluna semanal para o portal www.glamurama.com.br e para o Astral da semana, coluna do www.clubedotaro.com.br. E tenho meu próprio Blog www.cicabueno.com.br /blog.
CNA – E você mistura alguma outra técnica em seu trabalho como Astróloga?
Ciça Bueno -Tenho também formação em Numerologia, que foi feita sob orientação de Suely de Souza. E ainda estudei I Ching com Ion de Freitas, Cabala com Constantino Riemma e Warren Kenton, Tarô com Bia Oliveira, Mitologia com Junito Brandão, Psicologia com Sandra de Faria, Calendário Maia com Vandir Casagrande e freqüentei os quatro módulos completos de Filosofia na Associação Palas Athena. Participei ainda de curso particular de formação em Psicologia Analítica (Junguiana) com Amnéris Maroni, doutora pela UNICAMP, de filosofia sobre Spinoza e Nietzsche com Amauri Ferreira. E há anos participo dos Seminários de Desenvolvimento da Consciência e Auto-conhecimento, dirigidos por Robert Happé.
CNA – Ciça, e além destas, quais as outras obras que você tem publicadas?
Ciça Bueno – Tenho mais dois livros publicados em parceria com a Marcia Mattos (presidente do SINARJ), um livro chamado “Síndromes de Plutão e outros planetas exteriores” e o segundo livro chamado “Vocação, Astros e Profissões”, ambos publicados em 2007, pela editora Ágora. Também tenho um livro de minha própria autoria, chamado Quíron e o papel do curador na contemporaneidade , que foi publicado pela editora da Gaia em 2009 e depois fiz uma reedição eu mesma pela Publicações MCB. E tenho um projeto de gaveta, que é um Romance Astrológico, que está 70% pronto.
CNA – Como é a trajetória para publicar um livro de Astrologia no Brasil?
Ciça Bueno – O Astrólogo que quiser publicar um livro precisa estar com o conteúdo inteiramente redondo para oferecer a uma editora. Ele até pode tentar um investimento em um projeto a ser realizado, mas é muito mais difícil. Este é o caminho tradicional. Hoje as editoras que publicam livros de Astrologia são a Pensamento, a Ágora, a Madras e a Gaia. No Rio de Janeiro tem também a Editora Espaço do Céu, da Astróloga Celisa Beranger. E há outras é claro, mas menores.
Mas hoje, existe uma alternativa para as pessoas que tiverem dificuldade de ter uma editora para publicar o livro, que é o site Clube dos Autores (www.clubedosautores.com.br ), por onde publicamos nosso livro “A Contente Mãe Gentil rumo ao bicentenário – A História do Brasil vista pela Astrologia”. Nós solicitamos a um profissional que produzisse a capa de nosso livro, mas é possível ter uma edição dentro do Clube dos Autores.
No meu caso e do Rui, decidimos investir na impressão de 100 livros para fazer o lançamento. Agora, os livros são vendidos lá sob encomenda. O cliente entra no site e compra o livro. Eles imprimem e enviam para a casa da pessoa o livro impresso. Ou enviam a versão digital, conforme o desejo e a compra do cliente.
CNA – Ciça, e é possível viver como escritora somente? Como funciona a parte de royalties?
Ciça Bueno – Para viver só de livros, é preciso ser um Paulo Coelho. No geral, um escritor recebe de 8 a 10% de royalties sobre um livro. Isso é o padrão. Funciona da seguinte maneira. No caso do Clube dos Autores, por exemplo, quando você envia a obra completa para ser publicada pelo site, eles te informam o quanto ela deveria custar, te dão uma idéia de preço.
Aí perguntam quantos por cento, você como autor do livro, quer receber em royalties. Então, vamos supor que eles acharam que o preço do seu livro é R$ 10,00 e você diga que quer receber R$ 1,00 por livro. Aí eles recalculam o preço, colocam os impostos e o preço acaba sendo R$ 13,00 para o consumidor final, por exemplo. Eles têm um trabalho bem sério, nos pagam nossos royalties direitinho e enviam mensalmente um relatório sobre a venda dos livros.